domingo, 23 de maio de 2010

Cancro do Estômago


O estômago faz parte do aparelho digestivo. Está localizado no abdómen superior, debaixo das costelas. A porção superior do estômago está ligada ao esófago e a porção inferior conduz ao intestino delgado.
Quando os alimentos entram no estômago, os músculos da parede do estômago criam um movimento ondulado, que mistura e esmaga os alimentos. Simultaneamente, os sucos produzidos pelas glândulas do revestimento do estômago ajudam a digerir os alimentos. Após cerca de 3 horas, os alimentos transformam-se num líquido, que segue para o intestino delgado, onde continua o processo da digestão.
O cancro do estômago, também chamado de cancro gástrico, pode desenvolver-se em qualquer parte do estômago, e pode "espalhar-se", ou seja, disseminar-se, através do estômago e para outros órgãos. Pode crescer ao longo da parede do estômago, para o esófago ou para o intestino delgado. Pode, ainda, atravessar a parede do estômago e "invadir" os gânglios linfáticos, órgãos como o fígado, pâncreas e cólon. O cancro do estômago pode, também, propagar-se para órgãos distantes, como os pulmões, ovários e para os gânglios linfáticos acima da clavícula.



Sintomas:


O cancro do estômago pode ser difícil de detectar precocemente. Geralmente, não há sintomas nos estádios iniciais e, em muitos casos, antes de ser detectado, o tumor já está metastizado. Quando há sintomas, geralmente são vagos, ou seja, não específicos, e a pessoa ignora-os.

O cancro do estômago pode provocar os seguintes sintomas:


Indigestão ou sensação de ardor (azia);


Desconforto ou dor no abdómen;


Náuseas e vómitos;


Diarreia ou obstipação;


Dilatação do estômago, após as refeições;


Perda de apetite;


Fraqueza e cansaço;


Hemorragia (vómito de sangue ou sangue nas fezes).



Factores de risco:


A verdadeira causa do cancro do estômago não se conhece, mas identificaram-se vários factores de risco. Por um lado, existem famílias com uma elevada incidência da doença, o que sugere a existência de uma predisposição genética transmitida hereditariamente.
Por outro lado, pensa-se que determinados hábitos alimentares, como o regular consumo de líquidos e comidas muito quentes ou com alimentos excessivamente condimentados, assim como o elevado consumo de gramíneas, de guisados e salgados ou de produtos com um alto teor de nitratos, podem favorecer o seu desenvolvimento, explicando assim a sua desigual frequência nas diversas regiões do planeta.
Verifica-se, também, uma especial incidência de cancro do estômago nas pessoas que previamente sofreram determinadas doenças gástricas, como gastrite crónica de longa evolução, gastrite hipertrófica e tumores benignos do tipo pólipos.



Rastreio:

Se apresentar quaisquer sinais ou sintomas de cancro do estômago, o médico deverá confirmar se são provocados por um tumor ou por qualquer outra causa. O médico irá fazer algumas perguntas relacionadas com a história clínica e familiar, bem como fazer um exame físico. Pode, ainda, pedir análises, raios-X ou outros exames.

Para detectar a causa dos sintomas, podem ser usados os seguintes testes

Pesquisa de sangue oculto nas fezes (FOBT): por vezes, o cancro do estômago provoca hemorragias que não se conseguem ver, e sangra. Através desta pesquisa (FOBT), podem ser detectadas pequenas quantidades de sangue nas fezes. Se nesta análise for detectado sangue, serão necessários testes adicionais para encontrar a origem do sangue. Há situações benignas, como as hemorróidas, que podem provocar sangue nas fezes.

Radiografia (raios-X) com contraste do esófago e do estômago (tracto gastrointestinal superior) - trânsito esófago-gastro-duodenal: a radiografia é realizada depois da pessoa ter bebido uma solução de bário, um líquido grosso e esbranquiçado (ingestão de papa). O bário delimita o estômago, no raio-X, ajudando o médico a encontrar tumores ou outras áreas anómalas. Durante o exame, o médico pode bombear ar para o estômago, de modo a tornar mais visíveis os tumores pequenos.

Endoscopia: exame do estômago e do esófago, usando um tubo fino e iluminado, chamado de gastroscópio, que é inserido através da boca, seguindo pelo esófago até ao estômago. A garganta da pessoa é pulverizada com um anestésico local, para reduzir o desconforto e os vómitos. Podem, ainda, ser administrados medicamentos relaxantes. Através do gastroscópio, o médico pode ver directamente para dentro do estômago. Se encontra uma área anormal, pode remover algum tecido, através do gastroscópio. Depois, um patologista examina o tecido, ao microscópio, para verificar se existem células cancerígenas. A este procedimento - remoção de tecido e exame ao microscópio - chama-se biópsia. A biópsia é o único método seguro para saber se há células cancerígenas.



Tipos e evolução:


O cancro do estômago tem normalmente a sua origem nas capas mais superficiais da parede gástrica, podendo difundir-se a partir daí, segundo diversas modalidades.


• Carcinoma invasivo: o tumor cresce dentro da parede do estômago, invadindo toda a sua espessura. Ao atravessar a parede gástrica, difunde-se directamente nos órgãos contíguos, propagando-se a outros mais distantes através das vias linfática e sanguínea, provocando a sua metástase em fases relativamente precoces.

• Carcinoma ulceroso: o tumor desenvolve-se como uma lesão erosiva na superfície do estômago e adopta um aspecto parecido ao da úlcera gástrica, com a qual pode ser confundido tanto na lesão como nos sintomas.


• Carcinoma polipóide: o tumor cresce até à entrada da cavidade gástrica, adoptando uma forma poliposa.



Tratamento:



O principal recurso terapêutico do cancro do estômago corresponde à cirurgia, ou seja, à remoção do tumor e de uma parte mais ou menos ampla do estômago ou, por vezes, à total extracção do órgão. A técnica empregue e a sua utilidade dependem das características do cancro no momento da intervenção. Às vezes, basta eliminar o tumor e um sector limitado da parede gástrica, mas noutras ocasiões há que extrair a maior quantidade possível de massa tumoral e proceder à reparação dos órgãos vizinhos infiltrados.
Como complemento da cirurgia paliativa, pode-se utilizar a radioterapia (aplicação de radiações), para travar o desenvolvimento do tumor e aliviar os sintomas.
Como complemento da cirurgia efectuada com pretensão curativa recorre-se à quimioterapia (administração de fármacos anti-cancerosos) a fim de evitar o desenvolvimento de metástases e melhorar o prognóstico.

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